Uma conversa permeada por um humor intelectual e irônico. Foi assim o
bate-papo desta sexta-feira (28) com o escritor gaúcho Luís Fernando
Veríssimo no Encontro Literário, dentro da programação da XVI Feira
Pan-Amazônica do Livro. Crianças, jovens e adultos lotaram o auditório
Dalcídio Jurandir e conheceram um pouco do universo literário de um dos
maiores representantes da língua portuguesa.
A
dinâmica do encontro foi alterada para oportunizar ao público um maior
contato com o escritor. Logo após a apresentação, feita pela jornalista
Regina Alves, mediadora do encontro, foram abertas as perguntas à
plateia. Apesar do mérito, até os 30 anos Luís Fernando Veríssimo não
imaginava que um dia iria se tornar um dos mais populares escritores
brasileiros.
A veia humorística não foi herdada do
pai, o escritor Érico Veríssimo, mas o contato com outros escritores e
os livros influenciou diretamente a inclinação para a escrita. “Nunca
pensei que seria jornalista, que seria escritor. Só vim pensar nisso
depois de um tempo, mas nasci em uma casa cheia de livros e com um fluxo
intenso de escritores, amigos de meu pai. Acho que isso me influenciou
indiretamente”, explicou.
Veríssimo também falou
sobre a reforma ortográfica, tema ao qual ele dedicou o texto “O gigolô
das palavras”, em que faz uma analise, sem perder o tom do humor, sobre
as novas regras da língua portuguesa, destacando que “respeitadas
algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais
gritantes, as outras são dispensáveis. Escrever bem é escrever claro. O
importante é comunicar”.
O público não deixou
escapar nenhum detalhe da trajetória do escritor. Questionado sobre a
ditadura militar, Luís Fernando Veríssimo disse que não escapou à
censura, que esmagava a efervescência poética do país, mas conseguiu
sobreviver e escrever sobre o militarismo. “Foi um período muito
perigoso para os escritores, para quem expunha ideias com clareza”,
relembrou.
O escritor, que tem textos adaptados
para o cinema e para a dramaturgia brasileira, também estreou seu lado
humorístico na televisão. Para ele, a “TV Pirara” foi um programa
diferente, de vanguarda, inovador em vários aspectos. “A Comédia da Vida
Privada”, série na qual ele trabalhou ao lado dos diretores Guel Arraes
e Jorge Furtado, foi outra experiência televisiva, na qual pode
exercitar a capacidade para o humor. “Em ambas o cotidiano foi o mote
principal, mas com um humor diferente para a época”, ressaltou.
Ao final de quase duas horas e com um público ainda ansioso por mais
informações, Veríssimo agradeceu pela participação no Encontro Literário
e autografou algumas de suas obras no Ponto do Escritor, onde se formou
uma extensa fila de fãs à espera de um autógrafo.
Para o estudante de letras Jonatas Silva, a programação foi um presente
para os amantes da literatura que moram em Belém. “Não é sempre que
temos aqui um mestre como Luís Fernando Veríssimo. Para mim foi uma
experiência única participar desse bate papo”, disse. Neste sábado (29),
o Encontro Literário recebe a escritora Martha Medeiros, às 19 horas,
no auditório Dalcídio Jurandir do Hangar.
Fonte: Agência Pará de Notícias
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