segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Santareno quer ser o segundo brasileiro a ir ao espaço

Miguel Angelo de Siqueira Sampaio, 30 anos, era só mais um garoto que queria ver a lua e as estrelas bem de perto, e o planeta Terra bem de longe. Quando criança, sonhava ser astronauta, viajar pelo espaço e descobrir a sensação da profissão que desperta o fascínio de muitas pessoas desde o início da corrida espacial na década de 60. 

Nascido em Santarém, em 1982, cresceu vendo o pai, mecânico de caminhões, construir as próprias ferramentas e tocar uma pequena oficina na Avenida Curua-Una, e logo tomou gosto pelo ramo da engenharia.  Foi aí que a vontade de conhecer outros lugares pelo mundo e se tornar um astronauta amadureceu junto com o garoto.

Ao chegar o momento de prestar vestibular, em 2000, o desejo era estudar engenharia, curso que não existia em Santarém. Mas, como nem tudo na vida é fácil e os pais de Miguel não podiam mantê-lo em Belém ou Manaus, ingressou no curso de matemática na Universidade Federal do Pará (UFPA) e resolveu tentar fazer carreira em Santarém mesmo. Mas, greves e falta de estrutura da universidade, aliados ao fato de não estar estudando o que queria, levaram o garoto a buscar outros ares.

Foi quando resolveu fazer a prova do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), um dos mais concorridos e mais difíceis da América do Sul. “Para ser honesto, eu não tinha muita informação sobre o que era o instituto. Vi um cartaz no colégio que dizia que tinha curso de engenharia eletrônica, era da Força Aérea e que dava alimentação, alojamento e estudo grátis. Coloquei na minha mente que iria passar. A concorrência era de oitenta e dois candidatos por vaga. Estudei em casa, usei muito a biblioteca da Casa de Cultura”, conta Miguel, lembrando que no início da década passada não havia muitas informações na internet e era difícil estudar, mas foi aprovado para cursar engenharia eletrônica no ITA.

Com a aprovação, o santareno foi morar em São José dos Campos, interior de São Paulo, formando-se em 2006. Atualmente, é coordenador técnico do subsistema de energia do Satélite Amazônia I, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que deve monitorar a região para o controle do desmatamento e será lançado em 2014.


Miguel, trabalhando como engenheiro eletrônico (Foto: Arquivo Pessoal)


Trabalhando com satélites, no Inpe (Foto: Arquivo Pessoal)

Atualmente, Miguel mora em São Paulo, mas está cursando engenharia espacial na International Space University, em parceria com a University of South Austrália, em Adelaid, na Austrália. “Devido ao meu desempenho, fui enviado pela minha empresa para fazer o curso. Estou aqui desde o Réveillon. Foi muito importante para mim, não só em termos de carreira, mas também porque realizei um sonho de conhecer o mundo, de dar a volta no planeta”.


O santareno na International Space University, na Austrália (Foto: Arquivo Pessoal)


A competição

Uma marca de desodorante está recrutando jovens do mundo todo para uma viagem ao espaço. Inicialmente, haverá um desafio nacional, o qual irá selecionar oito brasileiros por meio de votação pelo site da empresa. Estes viajarão para Orlando (EUA), onde passarão pelo processo final de seleção. Nesta etapa, os candidatos irão participar de três missões de treinamento. Um grupo de especialistas vai selecionar os 22 mais bem preparados para ir ao espaço.

Os vencedores da competição viajarão a 103 km de altitude com uma empresa de turismo, em dezembro de 2013. 



Chances do santareno

Para que o santareno fique entre os oito candidatos que serão selecionados na etapa nacional, é necessário ter, pelo menos, 10 mil votos pela internet, sendo que o total conquistado por ele até o momento ultrapassa 1.500 votos. Até a publicação desta matéria, Miguel estava entre os 40 mais bem colocados. “Acho que é muito factível, e se o povo de Santarém me ajudar, posso conseguir sim. Estou acreditando nisso. Além do que, as pessoas vão saber que tem um santareno a frente de parte das atividades do programa espacial brasileiro”, acredita.

A votação encerra no dia 21 de abril. Para votar, basta acessar o link da competição clicando aqui.



Primeiro brasileiro no espaço

O primeiro astronauta brasileiro foi o coronel Marcos Pontes, que viajou na ‘Missão Centenário’, em 2006, época em que o militar tinha 43 anos. A base de lançamento foi Baikonur, no Cazaquistão, com destino a Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês) e durou 10 dias.

A ‘Missão Centenário’ foi criada, definida, contratada e gerenciada pela Agência Espacial Brasileira, que é o único órgão responsável do governo brasileiro pela administração de políticas e orçamentos do setor espacial no país.


Coronel Marcos Pontes, o primeiro brasileiro a ir ao espaço. (Foto: Reprodução/Marcospontes.com)

A missão visava realizar experimentos nacionais em microgravidade, incentivar o crescimento dessa área de pesquisa no Brasil, homenagear Santos Dumont e promover o Programa Espacial Brasileiro. 

Marcos Pontes nasceu em Bauru (SP), em 11 de março de 1963. Em 1998, ele teve que deixar de exercer as funções militares para poder servir o Brasil nas funções de Astronauta, na Nasa, em Houston, Texas, no Programa da Estação Espacial Internacional.

Porém, Marcos Pontes é militar e, por isso, o santareno quer fazer história e ser o primeiro brasileiro civil a viajar ao espaço. “O sonho de me tornar astronauta não se encaixa apenas em meu desejo particular de atingir o espaço, mas também poder dizer com orgulho que um santareno conquistou o espaço sideral. Penso que somos carentes de referências no Brasil inteiro que inspirem, não somente as crianças, tornando as mais conscientes, mas também os adultos para que cuidem do seu papel. Seria um grande feito que um santareno estivesse entre os enviados da humanidade, fazendo o nome da nossa cidade conhecido mundialmente. Com certeza, o interesse das pessoas pelos estudos aumentaria, o que faria com que nossos políticos pensassem mais na educação da região”, acredita. 

O que é um astronauta?

Astronauta é o profissional que pilota naves espaciais e foguetes, mas pode ser também os passageiros e tripulantes que desenvolvem atividades no espaço acima de 100 km de altitude a bordo destes meios de transporte. O termo ficou conhecido durante a corrida espacial na década de 60 entre Estados Unidos e União Soviética.

As principais atividades dos astronautas são: consertar satélites no espaço; treinamentos de sobrevivência, resgate, testes de equipamentos e execução de experimentos científicos; representar sua nação em reuniões da Nasa, entre outras funções.

Reportagem: João Machado

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