quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Conheçam Edward Luz, o antropólogo da Direita, cotado por Bolsonaro para ser número 2 da FUNAI

Taxado de direitista, conservador e “antropólogo do agro nacional” criticado por seus pares, temido pelas ONGs e visto com desconfiança e ambiguidade por lideranças e populações indígenas o antropólogo goiano Edward Luz é um dos nomes mais cotados para assumir o segundo cargo mais importante na Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Edward Luz é bacharel e mestre em Antropologia pela Universidade de Brasília onde ingressou e estudou sob a orientação do professor Stephen Grant Baines. Viveu entre indígenas ao longo de toda sua vida, mas fez seus estudos de pós-graduação durante mais de três anos com índios Akwen-Xerente, no interior do Tocantins, onde realizou pesquisas sobre o universo mitológico e ritualístico daquele grupo indígena do tronco Macro-Jê.

Figura polêmica, Edward Luz é uma espécie de ovelha negra, um rebelde da antropologia nacional e bem conhecido no seu meio acadêmico e universitário, e além do fato de ter sido aprovado pela FUNAI para o cargo de coordenador em dois grupos de trabalho de delimitação de terras indígenas na Amazônia brasileira, carrega também em seu currículo o fato de ter sido talvez o único antropólogo a ter pedido desligamento da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) por reiterados posicionamentos e posições contrários aos expressos pela associação. Para Edward, tanto a ABA, quanto a FUNAI e todas as ONGs indigenistas estão politicamente comprometidos com a agenda do “aparato indigenista” para o Brasil. Seu forte posicionamento crítico à política indigenista nacional é um dos fatores que o colocou em alinhamento com figurões do atual Governo, tais como o General Augusto Heleno, indicado por Bolsonaro ao Gabinete de Segurança Institucional. Por todos estes fatores conjuntos o antropólogo parece ser mesmo o nome forte para integrar a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), contando para tanto com o apoio da própria ministra do Direitos Humanos Damares Alves.

PERFIL: Apesar do nome, o antropólogo Edward Mantoanelli Luz, 35 anos, é cidadão brasileiro. Filho de missionários protestantes cresceu no interior do Pará e do Amazonas convivendo com populações ribeirinhas, comunidades caboclas, grupos indígenas e seus descendentes já mestiçados por séculos de miscigenação ao longo dos tributários dos rios Tapajós e Negro. Decidiu assim, enveredar pela antropologia social diante do anseio de compreender melhor a realidade em que viveu e que teve a oportunidade de testemunhar desde muito cedo. Formou-se na Universidade de Brasília e enveredou pela pós-graduação sob a orientação do professor Stephen Grant Baines. Conviveu por mais de três anos com índios Akwen-Xerente, no interior do Tocantins, realizando pesquisas sobre o universo mitológico e ritualístico daquele grupo indígena do tronco Macro-Jê. Já durante o mestrado construído entre os Xerente, Edward iniciou sua carreira de antropólogo consultor trabalhando para as três associações indígenas locais, Associação Indígena Xerente (AIX), Associação Indígena Akwe (AIA) e União Indígena Xerente (UNIX). Trabalhou também para o Programa de Compensação Ambiental Indígena Xerente (PROCAMBIX), com o qual desenvolveu projetos de resgate e promoção cultural e linguística dos Xerente.

Em 2003 foi aprovado por concurso nacional e contrado pela primeira vez por meio de convênio Funai/PPTAL para realizar identificações e delimitações de três terras indígenas no Amazonas: Barro Alto, Prosperidade e Santa Cruz da Nova Aliança. PPTAL era sigla para Programa Integrado de Proteção das Terras Indígenas na Amazônia Legal, segundo o próprio Edward, um programa por meio do qual países desenvolvidos financiaram a demarcação de milhares de hectares de Terras Indígenas. Curiosamente, todas na Amazônia. Nenhuma fora.

Edward trabalhou na demarcação das três áreas que foram aprovadas pela Funai, declaradas pelo Ministro da Justiça e homologadas pelos Presidentes Lula e Dilma. Embora fosse, àquela época, um antropólogo do mainstream, nenhuma das três áreas demarcadas se estendeu por áreas de propriedades privadas e por isto mesmo não geraram conflitos de qualquer natureza. Mas as coisas começaram mudar para o jovem antropólogo, em 2005 quando foi enviado à campo por uma coordenadoria da Funai para averiguar denúncias de irregularidades e fraudes na demarcação das Terras Indígenas em São Gabriel/São Salvador, Guanabara e Sururuá, todas na região de fronteira com o Peru e Colômbia. Conforme relata Edward Luz, ele se assombrou com o que viu em campo. Uma série de irregularidades flagrantes envolvendo desde tráfico de drogas e armas, na região da fronteira, até a migração ilegal de cidadãos peruanos para o Brasil, com a conivência da Funai, para legitimar demarcações no Amazônia brasileira.

Ainda em seu relato, o antropólogo testemunhou o estranho caso de uma antropóloga contratada pela Funai para uma demarcação que fora feita refém por um grupo de índios que a impediram de falar com qualquer pessoa de fora da comunidade. Edward enviou um relatório técnico denunciando o caso ao órgão indigenista sem saber que aquele relatório era o início do fim de sua carreira como antropólogo do mainstream. O episódio do Amazonas abriu os olhos do antropólogo, para que ele intitula como o lado obscuro dos processos de demarcação de terras indígenas. “Havia algo de podre no reino da Dinamarca”, disse. Daí em diante, Edward Luz passou a enxergar diversas irregularidades, manipulações e atrocidades sendo cometidas por ONGs internacionais, nacionais e pelo crescente movimento indígena nacional. Mas as dimensões e a profundidade destas fraudes e manipulações indigenistas ainda seriam reveladas.

Em agosto de 2007, Edward Luz foi novamente escalado pela Funai para realizar a identificação e delimitação de outras cinco Terra Indígenas nos rios Padauirí, Aracá, Demini, Quiuiní e Baixo Rio Negro, todas no município de Barcelos, na bacia do Rio Negro, no estado do Amazonas. Durante os trabalhos de campo, aponta Edward “se deu conta de quão bem estruturada, organizada e bem paga era a rede de organizações que tramavam, manipulavam e operavam o sistema de demarcações de terras indígenas na Amazônia. O antropólogo havia se deparado com um grande esquema de financiamento internacional para a demarcação de terras indígenas na Amazônia Brasileira”. “Sob o pretexto de estarem promovendo a proteção aos indígenas e das florestas da Amazônia uma fundação norte-americana, a Betty & Gordon Moore Foundation e a própria Agência de Cooperação Estadunidense, a United StatesAgency for InternationalDevelopment (USAID) estavam bombeando recursos para várias ONGs brasileiras, entre elas o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e o Instituto Socioambiental (ISA). Com os recursos internacionais estas ONGs patrocinavam, induziam e conduziam os processos de demarcação de terras indígenas no Brasil, sob o olhar complacente da Funai”, afirma Edward.

Até aquele momento, o jovem antropólogo buscava pautar seu trabalho pelos artigos 231 e 232 da Constituição Federal, fiel ao Decreto 1775/96 do Ministério da Justiça e à Portaria 14 da Funai. Edward ainda percebia o arcabouço legal vigente como pilares legítimos da garantia dos direitos dos índios. Luz demorou meses para perceber que aquilo que via e testemunhava em campo solapava essa compreensão: “O dinheiro estrangeiro era usado em campanhas patrocinadas de transformação de populações caboclas da bacia amazônica em índios para legitimar as demarcações. As ONGs queriam dar destinação a grandes áreas de floresta na Amazônia e bancaram campanhas de criação de índios para legitimar os processos demarcatórios”, um processo de Edward chama de etnicização. Contribuíram para essa nova compreensão as denúncias feitas pelo próprio presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes. Edward Luz descobriu e testemunhou em campo o fluxo de recursos das ONGs estadunidenses para que as ONGs nacionais estimulassem a população ribeirinha da calha da Amazônia brasileira, a maioria caboclos e mestiços, a se autodeclararem indígenas. A tal etnicização era o ponto de partida para que o estado brasileiro através da Funai iniciasse processos de demarcação de grandes áreas de floresta que depois eram homologados pelo Ministro da Justiça e decretadas pelo Presidente da República.

As populações amazônicas, acossadas pela carência generalizada de serviços públicos, viam alento na promessa de receberem terras e serviços específicos do governo destinados aos índios e abraçavam facilmente a causa das ONGs. “A Funai cabia emitir os Registros de Nascimento Indígena (Rani) em nomes dos mestiços e legitimar a demarcação através dos processos demarcatórios. De acordo com o antropólogo, apenas o Instituto Socioambiental recebeu nada menos que 2,8 milhões de dólares nesse esquema”, expos o antropologo. Assustado e indignado com o desvendar deste enorme esquema, Edward o denunciou à Polícia Federal e às instâncias governamentais mais elevadas da defesa nacional. Nada adiantou. Segundo ele, nada mudará enquanto não mudar a legislação. “Nesta questão indígena, o estado brasileiro é absolutamente refém de três minorias: dos engenheiros sociais bem pagos por ONGs internacionais, das minoria étnicas que se politizaram no movimento indígena nacional e dos antropólogos engajados e militantes dentro e fora da FUNAI”, afirma Edward. De acordo com o antropólogo, seus colegas de profissão “servem apenas para defender e legitimar todo o esquema, mais precisamente toda e qualquer demanda da agenda geopolítica do movimento indígena”, afirma.

Para Edward Luz, os antropólogos do mainstream agem livremente sem que as autoridades governamentais brasileiras percebam o risco e o perigo que o país corre de ser completamente travado pelo esquema. “Nenhuma autoridade brasileira se deu conta ainda das reais ameaças de divisão e conflitos étnicos que pairam e crescem sobre a nação. Todos eles induzidos, inflados e estimulados por membros deste mesmo esquema”, afirma o antropólogo. Em maio de 2010 após as denúncias da revista Veja na reportagem especial “A farra da Antropologia Oportunista”, Edward passou a denunciar também para deputados, senadores e demais autoridades brasileiras um conjunto de fraudes, distorções e manipulações identitárias praticadas pela FUNAI e pelos “antropoideológos engajados. Entrou definitivamente em rota de colisão com a ala majoritária e crescente de antropólogos radicais engajados e militantes da Funai e da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Foi perseguido por membros das duas instituições, bem como pela ala radical e politicamente engajada da esquerda e do movimento indígena nacional.

Em 2012, em meio a uma campanha atroz de difamação, Edward pediu desligamento da ABA. Para ele, a associação brasileira de antropologia se tornou uma, “associação cada vez menos científica, e mais politicamente engajada, comprometida e submissa aos interesses políticos dos movimentos etnicizantes e ONGs internacionais que ameaçam cada vez mais o direito de propriedade de cidadãos, proprietários e produtores brasileiros”. Desde 2010 o número de casos de fraudes e manipulações antropológicas e as denúncias feitas por Edward Luz sobre a atuação da Funai, de ONGs internacionais e nacionais e dos movimentos étnicos só aumenta e entraram de vez na pauta do debate político. Fora da ABA, Edward também ficou fora do esquema de distribuição de trabalho entre os antropólogos engajados no esquema. Atualmente, presta serviços de consultoria para produtores e sindicatos rurais, e para municípios e comunidades inteiras ameaçados pelo esquema de demarcações.

Fonte: RG 15/O Impacto

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