quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Compra de votos pode ser investigada

A farra da distribuição de benefícios pelo Programa Cheques Moradia às vésperas do primeiro turno das eleições no Pará, denunciada pelo DIÁRIO desde o dia 10 de outubro, cinco dias após o candidato da coligação Todos pelo Pará ao governo do Estado, Helder Barbalho (PMDB), chegar na frente do candidato à reeleição, Simão Jatene (PSDB), da coligação Juntos com o Povo, indignou a bancada de oposição da Assembleia Legislativa e pode se tornar alvo de investigação no parlamento tão logo as eleições sejam finalizadas. 
 
“A ética proclamada pelo governador do Estado, pelo visto, só vale da boca para fora”, lamentou, após a sessão ordinária da AL de ontem, o deputado Carlos Bordalo (PT). “É lamentável a condução dos negócios públicos e projetos governamentais, a ética é rasgada nas mais absurdas formas de utilização do Estado, dos programas e projetos, para fins partidários e pessoais por parte da atual administração. Até a assessoria da Comissão de Direitos Humanos da AL esteve em duas das áreas citadas nas denúncias e verificou que as famílias estão completamente atemorizadas, sem saber o que vai acontecer, e confirmaram, de uma forma bastante contundente, que foram procuradas por lideranças comunitárias ligadas à campanha do governador”, declarou o parlamentar.
“Esse é um histórico típico do PSDB de uso eleitoreiro de programas sociais. Foi assim à época da Macrodrenagem da Bacia do Una, alguns mandatos atrás, quando o ‘Programa Aterro de Quintal’ foi usado de forma descarada por troca de voto. Passado o processo eleitoral, vamos estudar com mais calma a possibilidade de uma investigação liderada pelo parlamento porque um programa como o Cheque Moradia não pode ser desvirtuado nem perder a moralidade”, adiantou.
Valdir Ganzer, do mesmo partido de Bordalo, é solidário à ideia. “O mais grave é saber que teve gente que entregou toda a documentação exigida e não recebeu o benefício, que mais do que qualquer coisa é um programa social voltado às famílias mais carentes, nós tivemos uma boa experiência com ele durante o mandato da ex-governadora Ana Júlia. São denúncias graves que serão com certeza analisadas pela Assembleia Legislativa visando uma investigação mais detalhada. É absurdo que se dê utilização eleitoreira para um benefício tão importante”, avaliou.
Já o psolista Edmilson Rodrigues, embora crente na necessidade de esclarecimento dos fatos, “porque a população precisa saber”, não crê na boa vontade da bancada aliada, maioria na AL, em fazer acontecer. “Temos uma CPI, para investigar a Pró-Saúde, que rege os hospitais regionais, engavetadas, e essa do caso Izabela Jatene que periga não sair. Nas últimas semanas, parece estar havendo um esvaziamento proposital das sessões, de modo que nada além de projetos de lei para reconhecimento de utilidade pública e honra ao mérito têm sido aprovados, porque não carecem de quórum mínimo”, ponderou.

O CASO
O Ministério Público Eleitoral vai investigar as denúncias apresentadas nos últimos dias pelo DIÁRIO que mostram de que forma o Cheque Moradia, um dos principais programas sociais do atual governo, vem sendo usado para compra de votos em prol da recandidatura do governador Simão Jatene (PSDB). Na reportagem feita a partir das várias denúncias que chegaram ao jornal após o primeiro turno e de servidores de dentro da própria Companhia de Habitação do Pará (Cohab), que gerencia o programa do Estado, é revelado o modus operandi do esquema que se transformou no grande cabo eleitoral do atual governador. Tudo feito com dinheiro público.
Os valores dos cheques variam de R$ 2 mil a R$ 14.100,00, mas a corrida eleitoral fez com que nas últimas semanas o menor valor fosse de R$ 10 mil. Várias associações e centros comunitários foram arregimentados pela Cohab na Região Metropolitana de Belém para indicar os interessados no programa. No momento do cadastro no programa, os futuros beneficiários são avisados pelas lideranças comunitárias: bandeiras e cartazes do candidato Simão Jatene devem ser pregados na fachada das suas casas.
Essa é a senha para a aprovação do benefício. Caso o “fiscal” do programa não encontre o material devidamente afixado, o cadastro é rejeitado. Alguns engenheiros que fiscalizam essas obras, segundo servidores da Cohab, também participariam do esquema, ganhando até R$ 3 mil da primeira parcela liberada do cheque. Para agilizar o cadastro, várias lideranças comunitárias também estariam cobrando uma “taxa” do beneficiário, que chega a R$ 300.
Fonte: Diário do Pará

Um comentário:

  1. A organização social que administra o hospital Baixo Amazonas, chamada Pro-Saude contratou uma empresa do Rio de Janeiro em meados de 2013 para fazer a gestão do serviço de hemodiálise.
    A empresa contratada Dimpi que usa o nome fantasia de Lifecare era uma empresa estabelecida em escritório de contabilidade no centro do Rio sem estrutura para implantar o serviço no lugar de uma empresa chamada Ganso.
    Foi a própria OS que emprestou dinheiro a Dimpi para implantar a gestão.
    Como a Pro-Saude pode terceirizar um serviço para uma empresa em 2014 esta com um faturamento de quase oito milhões anuais, se ela recebe apenas uma taxa de 10% a cargo da administração do hospital?
    Uma das sócias da Dimpi já se envolveu em escândalos no Rio de Janeiro com uma empresa que administrava o Rio Imagem.
    A Dimpi era apenas uma empresa para emitir nota dos serviços prestados na área de Radiologia.
    A uma grande suspeita que algum politico do PSDB leva uma mesada a troco deste favorecimento.

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