segunda-feira, 22 de abril de 2013

Jota Ninos comenta sobre 'falso atentado'

O episódio envolvendo um jovem santareno em busca de holofotes virtuais, e para isso utilizando-se de uma “brincadeira terrorista” nas redes sociais, tendo como pano de fundo a estreia de um filme “blockbuster” (arrasa-quarteirão, como se diz no Brasil), pode servir para uma grande análise sobre a solidão dos nerds nos cyberscafés, o narcisismo idiota de um adolescente e o poder de sedução da mídia nessa nossa – por assim dizer – “pós-modernidade cabana”.




Talvez um tresloucado Feliciano pudesse até dizer que “trata-se da briga de um Davi real contra um Goliath irreal”… Mas o David Rocha (nome do nosso “terrorista cibernético ao tucupi”) precisava se sentir um super-herói ameaçando matar tutti-quanti numa cena bélica e cinematográfica como a dos jovens perturbados do filme “Assassinos por natureza” (http://goo.gl/vGVfi), ou mesmo se inspirando na vida real de loucos americanos que matam criancinhas em cinemas.

Nada melhor do que atacar no momento em que um dos super-heróis mais arrogantes da mitologia HQ ianque que – pasmem, é um multi-bilionário da indústria bélica americana e pacifista – coloca Santarém no circuito nacional de uma estreia de filme!

O “Garoto de Rocha” parecia querer roubar os holofotes do “Homem de Ferro”. Mas segundo confessou na polícia nosso Davi cibernético, “pretendia tirar a postagem do ar quando alcançasse um determinado número de acessos”, como disse o delegado que o prendeu em entrevista devidamente reverberada em todo o Brasil, através de sites nacionais. O pequeno David nem imaginou que sua estilingada chegasse tão longe (mesmo que para isso tenha que responder um processo de ameaça)!

Mas não derrubou o monstro de sua solidão. Não é como Tony Stark, o arrogante playboy ianque que vira herói nas horas vagas para combater os inimigos dos americanos em uma armadura de ferro. A Rocha de Davi não o protege da impunidade, no alto de sua pobre estupidez cibernética. Mas seria ele um vilão ou uma vítima de toda a parafernália eletrônica que seduz os jovens a acreditar que é possível romper as barreiras da imaginação ao toque de um dedo? Mas David Rocha não é Robert Downey Jr. E nem ao menos conseguiria uma performance de Matthew Broderick em “Jogos de Guerra” (http://goo.gl/UyTDD), onde ficção e realidade se misturam em um game de computador.

O poder da mídia na mudança ou na reverberação de certos caráteres obscuros não pode ser desprezado. Um jovem ainda imaturo faz uma brincadeira que poderia ter graves consequencias (teve pra ele) para muitas pessoas. No mínimo pode marcar-lhe a vida, pois a execração ao seu ato foi imediato e altamente repudiado nas redes sociais que ele mesmo usou, principalmente em um momento que o terrorismo de dois jovens que tinham Boston na cabeça, criaram mais um fato trágico em terras americanas. Pode-se dizer que o episódio de David Rocha versus Tony Stark virou o típico feitiço contra o feiticeiro. Hordas de jovens (e homens de meia idade como eu, que sou fissurado nos HQ Marvel), não deixarão de se digladiar por um lugar ao sol, na fila do cinema para ver a estreia. Nem que seja usando um colete à prova de estupidez!

Homem de Ferro venceu e continuará vencendo. Porque às vezes, a mitologia é mais forte que a realidade…

Jota Ninos, jornalista.

Fonte: Blog do Jeso

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