terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sespa divulga alerta de hantavirose no oeste do Pará

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) divulgou nesta segunda-feira (14) um alerta aos profissionais de saúde da região Oeste do Pará, sobre os sinais e sintomas de hantavirose, uma doença grave e letal, transmitida por ratos silvestres. Os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, por isso é preciso um diagnóstico específico e imediato.De acordo com o GT-Zoonoses da Sespa, nos últimos três anos foram registrados 17 óbitos por hantavirose no Pará, sendo 14 em Novo Progresso, um em Oriximiná e dois em Itaituba, todos na zona rural. A situação continua preocupante nesses municípios, e está se agravando em Santarém, Mojuí dos Campos, Belterra e Trairão, devido ao aumento na produção de grãos e pastagens, que atraem roedores silvestres. Nos municípios de Trairão e Rurópolis um inquérito sorológico também apontou a circulação do vírus em humanos.Ao longo de seis anos, o Pará teve confirmados 84 casos de hantavirose, com 44 óbitos, a maioria ocorrida nas zonas rurais dos municípios de Novo Progresso e Altamira. Neste ano, há um caso confirmado em Novo Progresso, que foi notificado e confirmado em Santarém, para onde são encaminhados os pacientes com suspeita da doença.Segundo o veterinário do GT-Zoonoses, Fernando Esteves, alguns fatores favorecem a proliferação da doença, como o desmatamento que vem sendo realizado, principalmente na oeste paraense, modificando o bioma de cada região; a expansão do agronegócio, com aumento das atividades agrícolas e da pecuária, e o pouco conhecimento sobre a história natural da doença no Pará e em todo o Norte-Nordeste. “O homem derruba as árvores e planta grãos. Isso faz com que os ratos silvestres venham atrás de comida nas casas e locais de armazenamento”, explicou o veterinário.

Doença 

A hantavirose é uma doença infecciosa grave, causada pelo hantavírus e transmitida por ratos silvestres, que eliminam o vírus pela saliva, fezes e urina. O homem é infectado pela inalação dessas secreções misturadas com poeira, principalmente em ambientes fechados. Os sintomas da doença aparecem de quatro a 60 dias após o contato com o vírus.No Pará, a média é de 15 dias para o surgimento dos primeiros sintomas, que são febre, dor de cabeça, dores no corpo, tosse seca, mal estar geral e dificuldade respiratória, que aparece rapidamente. A doença pode ser confundida com dengue, leptospirose, hepatite, malária e outras doenças íctero-hemorrágicas, necessitando de diagnóstico clínico e laboratorial realizado por profissional capacitado.

Tratamento 

Apesar da semelhança dos sintomas, o tratamento é totalmente diferente. Nos quadros de hantavirose não se deve hidratar o paciente, como ocorre em casos de dengue. Não há vacina ou medicamento específico para hantavirose. A única medida capaz de evitar a morte é o diagnóstico precoce e o manejo clínico adequado. A pessoa com suspeita de hantavirose deve procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima de sua casa, para o primeiro atendimento. No hospital será coletado material para sorologia e oferecido atendimento de suporte para controlar os sintomas, como a falta de ar, que é o mais grave. Se houver necessidade, o doente será transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).Segundo Fernando Esteves, “a pessoa infectada ou com sintomas compatíveis deve procurar um hospital e informar que esteve em área silvestre. A informação é importante para a prescrição do tratamento adequado e investigação epidemiológica”. Ele orienta que profissionais de saúde devem investigar o caso “in loco”, abrir ficha de notificação, definir local provável de infecção (LPI), colher material de contatos e suspeitos na região e remeter tudo para o Instituto Evandro Chagas (5 ml de soro ou sangue total congelado, sem anticoagulante).Para se prevenir é preciso adotar alguns procedimentos, como manter as casas a uma distância mínima de 50 metros da área de plantio e da mata; a área limpa e sem entulhos; não deixar grãos de um dia para o outro na área de colheita, pois os roedores podem se aninhar entre os produtos; arejar o local de armazenamento de grãos, com portas e janelas, e antes de entrar as pessoas devem lavar o local com uma solução feita com um litro de água sanitária diluído em nove litros de água, aplicando cuidadosamente para não levantar poeira, e deixar agir por 30 minutos. Em casa, os alimentos precisam ser guardados em latas bem fechadas, as soleiras das portas devem ter barreiras, para impedir a entrada de ratos; manter as janelas ao anoitecer e, em caso de infestação, chamar a Vigilância em Saúde do município.Fernando Esteves, informou ainda que a Sespa tem dado todo o apoio aos municípios do 9º Centro Regional de Saúde (CRS), com sede em Santarém, principalmente com capacitações sobre prevenção, vigilância epidemiológica, tratamento e manejo clínico em UTI, considerando que todos os pacientes afetados pela doença precisam de atendimento intensivo. Com a entrada de novos gestores municipais e profissionais, outras capacitações serão realizadas pela Sespa, com o objetivo de minimizar casos e óbitos, e melhorar a assistência primária ao paciente, estreitando a parceria entre Estado e municípios da região.


Fonte: Notapajos

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