quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Professores torturavam alunos em aulas de Karatê no Pará

Professores de karatê suspeitos de promover violência durante as aulas, em Belém, vão prestar depoimento na quarta-feira (23) na Seccional de Icoaraci, onde as denúncias estão sendo investigadas. O delegado responsável pelo inquérito informou que, dependendo do que for apurado, eles podem ser indiciados por tortura, falsidade ideológica e estelionato. 

Apesar das denúncias, os professores declararam nesta terça-feira (22) que as imagens gravadas por um cinegrafista amador fazem parte de uma encenação e negaram que houve agressão. As aulas ocorriam na associação de moradores do Conjunto Pedro Teixeira, no bairro do Coqueiro, em Ananindeua, e também no bairro do Tenoné, em Belém. Nas imagens, um aluno aparece levando um chute no rosto de um dos professores. Em outra, um deles pisa no pescoço de um rapaz. Várias crianças acompanham tudo. Segundo os professores, trata-se de uma modalidade chamada Bunkai, onde os golpes e as reações são encenados como se fossem reais. “Não tem nenhum teor de violência, de maldade. Há teor de realidade, porém, ninguém se machuca”, explica o professor de karatê John Santa Rosa. Os professores também dão aulas na associação de moradores do conjunto Pedro Teixeira, no Tenoné. Numa das imagens, um deles aparece dando soco nos alunos durante exame de troca de faixa. Eles explicam que trata-se de um teste de resistência.

“Existe uma modalidade esportiva de defesa pessoal que tem que ser feita da maneira mais real, mas não causa hematoma nenhum. Você demonstrar que vai fazer um golpe, e só chegar próximo, tem que ter muito controle. Bater por bater, qualquer um chega e bate, e dá pancada de qualquer maneira. Agora você chegar próximo, fazer o controle e não machucar o outro, somente profissionais, pessoas treinadas podem fazer”, afirma o professor Jonhyvaldo Santa Rosa. De acordo com os professores, não há excessos. Mas alunos que preferem não mostrar o rosto reclamam das agressões. “Violência na luta também era comum lá. Eu tenho vários dedos fraturados. Se eu fizer qualquer esforço, dói. O estômago, às vezes, doía um pouco. Inclusive eu adquiri até um cisto por força, por fazer muita força lá”, denuncia um ex-aluno.

Certificados do curso eram falsos

Os pais dos alunos ficaram indignados ao descobrirem que os certificados entregues pelos professores após o exame de faixa eram falsos. Em depoimento à polícia, o presidente da Federação Paraense de Artes Marciais confirmou que os documentos não têm validade. Os professores afirmam que a associação deles está credenciada na Liga Esportiva Paraense de Artes Marciais e que eles podem dar aulas. Mas em Parauapebas, onde fica a sede da liga, o presidente da entidade desmentiu os irmãos Santa Rosa.

"Foi um ato de indisciplina. Eu não concordei com a atitude deles aqui no evento norte e nordeste, em maio. No entanto, eu comuniquei à diretoria e exigi que eles fossem excluídos. Desde maio, então, eles não faziam parte do nosso grupo”, diz Antônio Pereira da Silva, presidente da liga. O presidente da Federação de Karatê do Estado do Pará, Pedro Yamaguchi, informou que o que foi mostrado não imagens não representa a técnica do Bunkai.

Fonte: G1 PA

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