A Polícia Civil apresentou, nesta terça-feira, 25, em entrevista
coletiva a jornalistas, na Delegacia Geral, seis pessoas presas por
envolvimento no sequestro do filho de um empresário e de um taxista, que
foram libertados do cativeiro, na noite de ontem, na cidade de Santa
Izabel do Pará. Com os presos, 22 quilos de “pedra” de cocaína, roupas
camufladas, luvas, cartuchos e três armas de fogo – tipo cartucheira -
foram apreendidas. Dois integrantes do bando reagiram a tiros, no
momento da ação policial, foram baleados e morreram enquanto eram
socorridos. O esquema foi coordenado por um presidiário do Complexo
Penitenciário de Americano.
O desfecho do crime
ocorreu graças ao trabalho incansável de 32 policiais civis que atuaram
nas investigações, desde o último dia 17, quando o jovem de 15 anos foi
sequestrado, junto com o taxista, no Centro de Belém, no momento em que
era levado para casa após sair da escola. Estiveram na entrevista
coletiva o delegado geral, Nilton Atayde; o delegado-geral adjunto,
Rilmar Firmino; o secretário adjunto de Inteligência e Análises
Criminais, Antônio Farias; os diretores de Polícia Especializada, João
Bosco Rodrigues; do Interior, Sílvio Maués, e de Inteligência, Cláudio
Galeno; e os delegados Ivanildo Santos, Hennison Jacob e André Costa, da
Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), que estiveram à frente
das investigações, além de outros policiais civis também envolvidos no
acompanhamento do sequestro.
O delegado Ivanildo
Santos, diretor da DRCO, apresentou o histórico da ocorrência. Segundo
ele, desde o momento em que a Polícia Civil tomou conhecimento dos
fatos, passou a investigar o crime. As investigações tiveram início em
menos de meia hora após o início do sequestro. Durante os sete dias de
cativeiro, os policiais identificaram os integrantes do bando e
localizaram o cativeiro.
“Uma parte do bando é do
Pará e outra é envolvida com facções criminosas de São Paulo”, afirmou
Ivanildo. Durante o sequestro, os criminosos estiveram em três locais
diferentes. Inicialmente, em Ananindeua, e depois, na mata em Santa
Izabel do Pará. E, por fim, em uma chácara, situada em um ramal a 500
metros da rodovia BR-316, perto da estrada de acesso à Vila de
Americano.
Mesmo sem o consentimento da família,
que estava sendo ameaçada pelos bandidos a não comunicar a Polícia dos
fatos, a ação do bando foi acompanhada pelos policiais, até o aguardo do
melhor momento para abordar o local do cativeiro e para resguardar a
integridade das vítimas. Durante o sequestro, os bandidos fizeram três
contatos com a família. No primeiro, os bandidos colocaram o jovem em
contato com o pai e exigiram R$ 3 milhões de resgate. Na última
quarta-feira, o valor foi diminuído para R$ 500 mil, devido à
dificuldade da família em levantar o valor inicial por causa da greve
nacional dos bancários.
Ainda de acordo com o
delegado, a ação do bando foi bem articulada, sendo possível perceber a
atividade empresarial da quadrilha, que envolvia ainda o tráfico
interestadual de drogas. Segundo explicou o delegado-geral adjunto, o
dinheiro que os bandidos pretendiam obter no sequestro seria investido
no pagamento da droga fornecida a mando do presidiário Israel Gama
Soares, de apelido “Molequinho”, preso no Complexo Penitenciário de
Americano, em cumprimento de pena pelos crimes de assaltos a
carro-forte, à instituição bancária e por latrocínio.
O entorpecente seria, depois de pago, levado para São Paulo por dois
integrantes do bando – identificados como Marcelo e Tiago, apontados
como membros da facção criminosa conhecida como “PCC” - Primeiro Comando
da Capital, com base na capital paulista. Conforme Ivanildo, Israel é
considerado o braço-forte, no Pará, das facções criminosas de fora do
Estado. Com uso de telefone celular, ele fazia a articulação com
integrantes do bando, de dentro da casa penal.
Durante a coletiva, o delegado apresentou vídeo do momento da abordagem
policial ao cativeiro e áudios dos diálogos entre os criminosos e o pai
do adolescente. “Logo que soubemos do crime agimos tecnicamente, para
não expor a riscos a vida das pessoas”, ressaltou o policial civil. No
momento da entrada na casa, havia quatro sequestradores. Armas e as
drogas estavam no local. Do lado de fora, houve troca de tiros com dois
dos quatro bandidos. Marcelo e Tiago, que receberam os policiais a
tiros, foram baleados e morreram enquanto eram socorridos pelos
policiais.
As vítimas eram mantidas em um banheiro,
com os olhos vendados e com mordaças no corpo. Em um dos momentos no
cativeiro, o taxista chegou a ser agredido fisicamente pelos
sequestrados por ter levantado a venda dos olhos. Além de Israel, foi
preso Carlos Maciel Pereira da Silva, que é foragido da Justiça por
assalto e tráfico de drogas. Ele era responsável pela distribuição da
cocaína, cuja parte foi apreendida no cativeiro. Outro preso é Ricardo
Anderson Souza Silva, caseiro da chácara usada no sequestro. Ele
participou do crime arrumando o local de cativeiro e ficando de guarda
na área.
Raimundo Santos, outro preso, já tem
passagem pela Polícia por envolvimento no assalto a um carro-forte na
estrada da Alça Viária. O outro acusado é Nelson Roberto Nascimento
Negrão, que, durante o sequestro, esteve em Marabá, onde tentou cometer
um assalto, mas não deu certo. Ele também chegou a ser contratado, por
R$ 3 mil, para executar uma pessoa, no Conjunto Marex, no bairro de
Val-de-Cães, em Belém. A companheira de Nelson, Renata Cavaleiro de
Macedo, também foi presa. Os policiais identificaram que o aparelho
celular dela foi usado para manter contato com a família. Na avaliação
do delegado-geral, Nilton Atayde, essa foi mais uma mostra de que a
Polícia Civil está preparada para atuar em situações complexas, como
casos de extorsão mediante sequestro e que vai continuar a agir para
desarticular ações do crime organizado no Pará.
Fonte: Agência Pará de Notícias
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