sábado, 14 de janeiro de 2012

[ALERTA] Hantavirus na região do tapajós

No município de Oriximiná (PA) deve ser iniciado um trabalho de vigilância ecoepidemiológica. Em 2011, nessa cidade ocorreram dois casos de hantavirose, que foram notificados em Santarém. Ocorrências de seis casos também tiveram na cidade de Novo Progresso e uma em Itaituba. A vigilância nessas cidades com registros do hantavírus vai ser realizada pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Ministério da Saúde e o Instituto Evandro Chagas. Municípios do Oeste paraense totalizam nove registros da doença. Em todo o Estado no ano passado foram registradas oito mortes.

 
O biólogo da Divisão de Vigilância em Saúde de Santarém (Divisa), Francileno Sousa Rêgo, confirma as notificações dos casos desses municípios do Oeste paraense pela unidade de Santarém. E afirma que em muitos casos as vítimas não sobrevivem devido a rapidez da manifestação da doença. “Aqui na Divisa recebemos notificações de endemias de outros municípios e imediatamente é comunicado à 9ª Regional. Infelizmente os casos que chegam até nós não têm evoluído para cura. Ela é uma doença aguda. Até chegar e diagnosticar a doença passa muito tempo”, informou Francileno. Ele esclarece sobre a indefinição da transmissão do vírus. “Falam da contaminação através de partículas suspensas do vírus advindo desses roedores. E partir daí leva a uma síndrome respiratória, isso é característico do hantavírus”, declarou.

No município de Santarém o biólogo diz que não tem casos diagnosticados ou confirmados na cidade. Mas, alerta para esse período de chuva, quanto a leptospirose, transmitida também pelos ratos. “Começou o período chuvoso e a possibilidade de áreas alagadiças é muito maior. O cuidado é com a proliferação de roedores. Vamos evitar águas para eles. Muitas dessas águas estão disponíveis no esgoto, pela falta de cuidados com os moradores que despejam águas nos seus terrenos. Isso pode ser evitado com a utilização de sumidouro dessa água. E podem evitar outros agravantes, como o mosquito da dengue. Água acumulada serve como atrativo para vários vetores de doença”, informou o biólogo.
Na busca de soluções do hantavírus no Oeste paraense ocorreu uma reunião no último dia 6, em Belém. Estiveram presentes o coordenador nacional de Controle da Hantavirose, Weber Marcos; o diretor do Departamento de Controle de Endemias da Sespa, Bernardo Cardoso; e o coordenador estadual de Zoonoses, Fernando Esteves, juntamente  com o secretário de Estado de Saúde Pública, Hélio Franco.
Em entrevista, Weber Marcos informou que o trabalho de vigilância ecoepidemiológica é necessário, porque no Pará os casos da doença se concentram na região de Novo Progresso e, pela primeira vez, chegaram a Oriximiná. “Estamos interessados em trabalhar junto com o Estado para descobrir como as pessoas estão se contaminando”, afirmou.

Na região de Novo Progresso, a razão da concentração de casos é a atividade econômica e agressão ao meio ambiente. O homem derruba as árvores e planta grãos. Isso faz com que os ratos silvestres venham atrás de comida nas casas e locais de armazenamento.
Antes da proposta do Ministério da Saúde, o Departamento de Controle de Endemias já estava se preparando para fazer a investigação, que necessitará de equipamentos e materiais específicos, porém, agora também terá o apoio de recursos vindos do governo Federal. O secretário Hélio Franco colocou a Sespa à disposição, garantindo que será feito o que for preciso para o trabalho ser desenvolvido.
O que é a Hantavirose? É uma doença infecciosa grave, causada pelo hantavírus e transmitida por ratos silvestres, que eliminam o vírus pela saliva, fezes e urina. A infecção no humano ocorre pela inalação dessas secreções misturadas com poeira, principalmente em ambientes fechados. É uma doença altamente letal e pode levar à morte por insuficiência respiratória. Embora possa ser confundida, no início, com gripe, dengue, leptospirose, malária e outras doenças íctero-hemorrágicas, exige outro tipo de atendimento. Não se deve hidratar o paciente como ocorre em casos de dengue, por exemplo.
Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, dores no corpo, tosse seca, mal estar geral e dificuldade respiratória, que aparece rapidamente. Para Hélio Franco, “em casos suspeitos de doenças infecciosas o diagnóstico diferencial é fundamental para evitar tratar de uma doença como se fosse outra”. Da mesma idéia compartilha Weber Marcos, para quem “o grande problema na clínica é o diferencial”, observa.

Tratamento: Não existe vacina ou medicamento específico para hantavirose. As únicas medidas capazes de evitar a morte são o diagnóstico precoce e o manejo adequado. Por isso, o indivíduo com suspeita deve procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima, para o primeiro atendimento. Já no hospital, será coletado material para sorologia e oferecido atendimento de suporte para controlar os sintomas como a falta de ar, que é o mais grave.


Fonte: Alciane Ayres / O Impacto


Nenhum comentário:

Postar um comentário