terça-feira, 1 de outubro de 2013

'Índia': A hipocrisia e os oportunistas

Elizabete Barbosa de Matos. Este é o nome da cidadã brasileira, que era conhecida popularmente em Santarém como 'Índia'. Portadora de distúrbios mentais, alcoólatra e, possivelmente, viciada em drogas, esta brasileira durante parte de sua vida viveu às margens do esquecimento. Ganhou notoriedade a partir das denúncias veiculadas pela imprensa por seus atos insanos que sempre vitimavam algum cidadão. ‘Índia’ era bastante agressiva e quando estava bêbada era ainda mais violenta. 

Vagava pelas ruas da cidade, sem eira e nem beira. Era vista por todos, mas também era ignorada por todos, sobretudo por nossas autoridades políticas e administrativas. Quem a via pelas ruas logo mudava o sentido de seu trajeto ou buscava abrigo, pois temia sofrer algum tipo de agressão. No último dia 29, ‘Índia’ foi encontrada morta. As causas pouco importam agora, já que ela foi mais uma vítima da leniência do Poder Público, uma vez que era sabido por todos que ela era portadora de problemas psíquicos e vivia abandonada pelas ruas de Santarém. Após sua morte, sobraram menções honrosas em seu nome. Na Câmara de Vereadores, os parlamentares fizeram um minuto de silêncio pela morte da senhora Elizabete Barbosa de Matos. Muita hipocrisia! 

Quando esta senhora, desamparada pela família e ignorada pelo Poder Público, estava viva, não apareceu nenhum político choroso para reivindicar algo em seu favor. Foi a partir das denúncias feitas pela imprensa que surgiram os oportunistas.  

Somos todos culpados pela morte desta senhora! Os gestores públicos por somente agirem quando o estrago já está feito; os vereadores, que se aproveitaram de fatos como este para empunhar sua bandeira partidária; e nós, cidadãos, que buscamos culpar as autoridades por todas as mazelas sociais, mas não procuramos fazer nossa parte como cristãos e agimos com tanta indiferença com nossos semelhantes tanto quanto àqueles que criticamos. 


Portanto, que a morte da ‘Índia’ não seja esquecida e que ainda nos reste um pouco de bom senso e humanidade para identificar e dar nomes aos doentes mentais que ainda estão vivos e que, assim como a personagem deste editorial, não sejam lembrados por nós somente depois de sua morte. Existem em Santarém, segundo a Semtras, cerca de 70 pessoas vivendo nas ruas e que sofrem algum tipo de transtorno. 

Façamos, portanto, a nossa parte, cada um e ajudemos aqueles que são ignorados por todos nós ainda em vida!

Por Marcos Santos, blogueiro.

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