sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Embarque ilegal de madeira na praia de Maria José

Balsas carregadas com toras de madeira flagradas na praia

Duas balsas carregadas de madeira
É preocupante a comercialização de madeira na praia Maria José, em Santarém, pelas pessoas que moram nas mediações desse lugar paradisíaco. As imagens fotográficas encaminhadas à nossa redação confirmam a ação. Nossa reportagem procurou uma das categorias que utilizam esse setor como fonte de sobrevivência para apurar a denúncia. O coordenador do Núcleo de base do bairro Maracanã, Raimundo Batista dos Santos, disse que “o fluxo é grande de veículos na terra e na água.


O movimento do embarque e desembarque de madeira sempre aparece quando a vazante inicia. Entendemos que seja ilegal essa atividade, porque é escondido”. O acesso a praia Maria José fica pela margem da Rodovia Everaldo Martins ou pela Rodovia Fernando Guilhon, passando o aeroporto de Santarém, Maestro Wilson Fonseca.



A categoria dos pescadores teme possíveis incidentes, na areia e entre a vegetação. Durante a madrugada há grande circulação de caminhões e motos. Os motoqueiros promovem “pegas” na areia. “Trabalhamos sempre em família na pesca artesanal e ficamos com muito medo de acidentes no percurso até a praia”, disse Raimundo. O coordenador pede que as autoridades competentes fiscalizem essa atividade desordenada por essas pessoas. Mais agravantes denunciados por outros pescadores da área, é o vai e vem de embarcações de grande e pequeno porte. “Nossos pescadores confirmam o grande movimento de balsas, lanchas e até jet ski nesse setor de embarque de madeira. E temos medo que ocorra uma tragédia semelhante a do mês passado, quando uma lancha bateu em uma bajara, tirando a vida de um trabalhador”, disse Raimundo dos Santos.
Raimundo: "fluxo de carro é grande" / Antônio:
"Denúncias chegam à Z-20"

O presidente da Colônia de Pescadores da Z-20, Antônio Pinto, esclareceu que mais denúncias chegam à entidade. Os entraves por conta dessa comercialização estão causando prejuízos à rotina dos pescadores. “As informações devem ser formalizadas e direcionadas a instituições competentes”, informou Pinto.

Um caminhoneiro que trabalha no setor madeireiro disse que existe um grande fluxo de escoamento de madeira nessa área por conta da ilegalidade. A madeira seria de origem do município de Ruropólis, à  217 Km de Santarém, na BR-163. E essa rota estaria em utilização por conta da facilidade na fiscalização na rodovia. “De Ruropólis muitos caminhoneiros cortam caminho abrindo ramais e acabam saindo até a praia. Há muita vista grossa nos setores de fiscalização federais nas estradas e eles fazem mais isso, no fim da noite e na madrugada”, denuncia o caminhoneiro.

O gerente do IBAMA em Santarém, Hugo Américo Rubert Schaedler, explicou que a rota Ruropólis-Santarém para escoamento da madeira, é inviável aos madeireiros por conta do alto custo. No entanto, confirmou que não existe no momento fiscalização da instituição em Rurópolis. E a comercialização na praia Maria José é competência da Secretaria de Meio Ambiente Estadual (SEMA) e Municipal (SEMMA). “Se tiver alguma denúncia, podemos checar, mas não é a nossa atribuição. Foge do nosso foco de fiscalização no momento. Nossa prioridade são as auditorias no plano de manejo das empresas madeireiras. E pode chegar até nessa situação na praia”, informou Hugo Américo.
Hugo diz que fiscalização é da SEMMA / Cap. Paulo enviará
equipe à Maria José

Schaedler explicou que nessa ação de auditorias já foram autuadas 10 empresas em Santarém. “Nessas empresas, algumas fantasmas e outras com plano de manejo fraudulento”. Confirmada a irregularidade na empresa fica vetada a comercialização de madeira esquentada, ou seja, ilegal pela falta de Guia. O documento é necessário para circulação da madeira nas rodovias. “O pessoal não quer correr o risco de andar sem Guia, porque fica na mira da fiscalização do IBAMA e de outras instituições”, disse Hugo Américo.

O transtorno quanto à movimentação nos rios pelas embarcações nesse setor, era desconhecido pelo Comando da Marinha em Santarém.  O delegado fluvial, Capitão Paulo Antônio Carlos, disse que na cidade é inexistente um plano de gerenciamento costeiro. E não existe nenhuma denúncia sobre a dificuldade no tráfego fluvial na área. “Todos os proprietários de embarcações devem exercer as regras do tráfego aquaviário. Nós cobramos sempre os equipamentos de segurança. Até mesmo nas bajaras que devem estar com visibilidade adequada para navegar nos rios”, informou. O capitão confirmou que enviaria uma equipe de fiscalização à praia de Maria José.

Nossa reportagem procurou a representante da SEMA estadual, Zuleide Silva dos Santos Maia, mas não foi encontrada para explicações a essa atividade.

No setor de fiscalização da SEMMA municipal fomos informados de uma reunião realizada na manhã de ontem que discutiu ações de embarque e desembarque nas praias santarenas.

Por: Alciane Ayres

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